A REFORMA MUDOU A EUROPA
A REFORMA MUDOU A EUROPA
A Reforma religiosa teve impacto nas estruturas econômicas e sociais da Europa a partir do século XVI. Ela desafiou a autoridade da Igreja Católica, abriu as portas para novas crenças e práticas econômicas, sociais, com consequências para o continente e o mundo.
Uma das mudanças mais significativas foi a dissolução dos mosteiros católicos e o confisco de suas terras e riquezas pelos governantes protestantes, que redundou na mudança da propriedade da terra e das riquezas, pois muitas foram vendidas a particulares ou absorvidas pelo Estado. Essa redistribuição da riqueza e da terra levou aumentou o poder da classe média emergente, que investiu na agricultura, no comércio e na indústria.
O crescimento de novas indústrias, principalmente a gráfica, foi outro dos desdobramentos. A imprensa permitiu a ampla divulgação de folhetos religiosos, livros e panfletos, ajudando a espalhar novas ideias religiosas e promover a alfabetização e educação.
O individualismo começou a se difundir e se opunha à autoridade da Igreja Católica. A ênfase na consciência pessoal e nas liberdades de opinião e associação, já não atreladas à autoridade da Igreja ou do rei, promoveram o declínio do poder e da influência das elites sociais tradicionais.
A Reforma impactou a educação e o papel da mulher na sociedade. O surgimento de universidades e escolas protestantes deu oportunidades para pessoas de todas as origens sociais, ajudando na mobilidade social e no surgimento de uma classe média mais educada. Algumas denominações protestantes, como os anabatistas, eram mais igualitárias em suas crenças, dando maior participação às mulheres nos assuntos religiosos e sociais.
No político, a Reforma fragmentou o panorama político europeu, com o surgimento de novos Estados protestantes e declínio do Sacro Império Romano. Isso levou à Guerra dos Trinta Anos, que devastou a Europa Central e estabeleceu o moderno sistema de estado-nação.
Percebe-se também que a Reforma foi a grande catalisadora para o surgimento do capitalismo na Europa. Ao desafiar a autoridade da Igreja Católica promoveu mudanças significativas nas crenças religiosas e culturais de muitos europeus, o que impactou as práticas econômicas e atitudes em relação à criação de riqueza e sua distribuição, ajudando a criar uma classe de ricos comerciantes e proprietários de terras, que investiram na agricultura, comércio e indústria. Com isto surgiu a economia de mercado, onde os empreendedores buscavam maximizar os lucros produzindo bens e serviços para venda.
Isto foi possível ao desafiar as crenças tradicionais, a riqueza material e a busca do lucro. A teologia protestante enfatizou o valor do trabalho árduo, da frugalidade e do acúmulo de riqueza como sinal do favor de Deus, que redundaram em nova ética de trabalho que enfatizava a diligência, a disciplina e a autoconfiança, bases do sistema capitalista.
A ética de trabalho protestante também teve impacto no desenvolvimento dos bancos e das finanças. Os banqueiros e financiadores protestantes foram capazes de usar sua riqueza para investir em novos empreendimentos, e sua ênfase na confiança e confiabilidade ajudou a criar um sistema financeiro estável que facilitou o crescimento do comércio e do comércio.
Nesta relação igreja e Estado, ainda que tenha havido tal estreitamento em algumas partes, pode-se dizer que as mudanças havida à raiz da Reforma, não foram necessariamente decorrentes do matrimonio entre os dois entes. É mais verdadeiro afirmar que as reformas religiosas tiveram como efeito colateral as mudanças políticas, sociais e econômicas.
Marcos Inhauser
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