A TEOLOGIA DAS INDULGÊNCIAS
A TEOLOGIA DAS INDULGÊNCIAS
Você passa a vida sonhando, trabalhando, economizando e investindo para ter o suficiente para a compra de uma casa confortável e ampla. O preço dela é R$ X,00. No final da vida, você percebe que não conseguiu o suficiente e que o que tem é R$ X,00-Y,00. Você fica na fila de espera (purgatório) esperando que os amigos e familiares completem o que está faltando (missas por intenção das almas).
Usando a mesma metáfora, imagine que você conseguiu R$ X,00 + Z,00. Esse “a mais” não precisa para comprar a casa. Esse crédito fica na agência controladora (fundo dos superávits) e, a critério do gerente, ele pode pegar deste depósito de créditos e transferir para a sua conta, de tal forma que “complete” o valor total. Este crédito formado pelos valores excedentes é o conceito por trás das indulgências e que se chama “tesouro de méritos”.
Traduzindo: para que uma pessoa “vá para o céu” é necessário que, em vida, faça a quantidade de méritos (céu = boas obras - pecados cometidos) que seja igual ou superior ao montante de méritos estabelecidos sabe-se lá por quem, para que seja “merecedor” do céu. Os “santos” reconhecidos pela hierarquia religiosa, os anônimos de vida exemplar, são os garantidores desse “depósito de méritos”. Se a pessoa, em vida, foi uma santa, com poucos pecados e muitas boas obras, ela chega à morte com mais do que é preciso para merecer o céu. Se, por outro lado, ela teve uma vida desregrada e cometeu muitos pecados, chega sem os créditos necessários. O fundo de méritos é administrado pelo gerente, autoridade máxima religiosa, que tem o poder absoluto de transferir os méritos dos credores para os devedores.
Não busque na Bíblia base para isto, porque não há. Essa é uma teologia criada por causa das circunstâncias e necessidades, para atender interesses da cúpula da igreja. Isto ocorre com muita frequência e exemplos modernos disso são as “teologias da prosperidade” (que não deve ser chamada de teologia) e a dos “pragmatismos gospel” (crescimento de igrejas na base do “se enche o templo é válido”, se aumenta a arrecadação é válido), isso sem mencionar muitas outras criadas para sustentar o ego de narcisos, ávidos por templos enormes e vida ultra confortável.
Marcos Inhauser
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