CONSTANTINO(PLA)
CONSTANTINO(PLA)
O imperador Constantino era um político com raro senso de oportunismo e megalomaníaco. Percebeu que a igreja crescia apesar da perseguição imposta e preferiu se juntar a ela. Como disse um historiador (que já não me lembro em qual livro li), a o cristianismo em setenta anos foi acusado de botar fogo em Roma, com mais setenta anos estava esparramada pelo império, com trezentos tinha o símbolo nos escudos dos soldados e acabou legitimada.
Constantino, na sua megalomania, decidiu criar uma capital do Império e construiu Constantinopla (330), hoje conhecida como Istambul. As motivações políticas eram múltiplas e incluíam o desejo de solidificar o poder do Império (era um ponto mais central), uma nova capital para servir de centro do cristianismo, ter um centro estratégico militar e comercial e perpetuar sua história.
Construída no Estreito de Bósforo, que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e ao Mediterrâneo, em pouco tempo se tornou o local ideal para negócios e comércio. As muralhas e fortificações a tornaram forte base militar, o que ajudava a proteger o império de invasões.
A construção de Constantinopla como capital e centro do cristianismo que ainda era uma religião relativamente nova e em meio a uma cultura sincretista, onde todos os deuses e religiões eram bem-vindos foi um grande desafio. Constantino viu a nova capital cristã como forma de solidificar o casamento do império com a fé, além de fornecer um local para estudiosos, teológicos e onde líderes cristãos se reuniriam e promoveriam a religião.
Foi em Constantinopla que se ergueram as primeiras catedrais, templos suntuosos para receber o imperador quando este vinha aos cultos e celebrações. Porque o imperador frequentava a catedral, havia uma legião de acólitos, políticos bajuladores e gente que queria se sentir importante por frequentar o templo que o imperador frequentava. A frequência a estas catedrais virou grife da moda. Evidências históricas apontam que uma multidão ficava à espera do imperador sair do palácio, acompanhando-o ir à catedral, cada qual disputando seu espaço bem perto da autoridade. Assim nasceu a prática das procissões.
Outro elemento é que a liturgia e sua estruturação, os cânticos e os sermões precisavam estar ao nível do imperador, pelo que houve um processo de sofisticação. Roupas ornamentais foram criadas, símbolos eclesiásticos começaram a entrar na simbologia cristã, os bispos copiavam certas vestes, passaram a usar o cetro, o cajado, as cores segundo o calendário litúrgico que foi elaborado. O bispo começou a parecer um “imperador” da igreja. Pregar para o imperador era o auge na vida de um bispo.
A simplicidade inicial da igreja foi substituída pela suntuosidade, pela pompa e pelo luxo. As pequenas congregações se deixaram contaminar pelo vírus da quantidade. Uma igreja era tanto mais igreja quanto maior fosse o templo e mais gente tivesse. Os sermões pregados nessas catedrais tinham, por consequência, a aura da fidelidade doutrinária. Passavam a ser normativos.
A doutrina passou a ter a chancela imperial, não porque recebia o selo, mas pela proximidade com o imperador. O casamento entre a igreja e o Império is de vento em popa, com benefícios mútuos.
Marcos Inhauser
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