“DESAFASTEM” OS TEOCRATAS

“DESAFASTEM” OS TEOCRATAS A teocracia é o governo onde uma divindade é reconhecida como a autoridade governante suprema, dando orientações aos intermediários (sacerdotes) que administram os assuntos do dia-a-dia do governo. Quase sempre há um sumo-sacerdote que encarna o papel de comunicador das orientações divinas e acaba se transformando em ditador religioso. As leis e políticas do governo, supostamente baseadas nos ensinamentos da divindade, são, em função da sacralidade, de obediência irrestrita. Os questionamentos e tentativas de mudança são vistos como atos subversivos, tal como acontece hoje no Irã, onde, quem questiona o uso do véu é sentenciado à morte. Há inúmeros exemplos na história de governos teocráticos. Na antiguidade, os reis eram deuses ou filhos dos deuses. É o caso dos Faraós, dos Césares e dos reis da antiga Mesopotâmia. Não há na história uma teocracia que tenha sido respeitosa com a divergência e que não tenha usado da violência contra o povo. Exemplo bíblico é o Faraó que, tendo recebido pedido dos hebreus para diminuir a carga de trabalho, fez dobrar a quantidade que deviam produzir e cortar pela metade os insumos fornecidos. Tecnicamente falando, Israel nunca foi uma teocracia no sentido moderno do termo. Acreditavam em Javé como divindade e protetor da nação. No entanto, não tinham um sistema centralizado de governo e não havia um único governante que afirmasse ser guiado pela autoridade divina. Seguiam um conjunto de leis e tradições que acreditavam terem sido dadas a eles por Javé. Era um sistema "teocrático" de governo, onde leis e tradições estavam ligadas à religião, mas não tinham um governante que reivindicasse autoridade divina. Havia um código religioso que os reis deviam obedecer e segundo o qual eram avaliados. Não eram deuses, mas ungidos, o que significa que recebiam a benção para o exercício do cargo. Mesmo havendo um sumo sacerdote, não eram eles que dirigiam a nação, nem determinavam atos. Central na política de Israel era a figura do profeta que denunciava os desvios dos reis, mostrando onde e como estavam levando o povo a pecar, as injustiças eram cometidas e os castigos que receberiam por desprezar o órfão, a viúva e o estrangeiro. Nem mesmo no período dos juízes Israel viveu uma teocracia. Eles julgavam questões diárias e podiam mobilizar a nação para ações nacionais, como foram os casos de Gideão e Débora. As modernas aspirações de se ter um governo evangélico, um presidente, deputados e senadores que conduzam a nação nos princípios da Palavra é fantasia absurda. Ainda bem que, até hoje estes devaneios não se realizaram. Seria a ditadura gospel. Marcos Inhauser

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