MANTZ: O PRIMEIRO MARTIR ANABATISTA
MANTZ: O PRIMEIRO MARTIR ANABATISTA
Felix Mantz (c. 1498-1527), líder anabatista e um dos Reformadores Radicais, participou do grupo dissidente de Zwínglio que rejeitava a autoridade da Igreja Católica e procurava restaurar o cristianismo às raízes apostólicas. Nasceu em Zurique, filho de comerciantes ricos e foi educado na Universidade de Basel.
Inicialmente foi seguidor de Zwínglio. À medida que as reformas demoaravam, Mantz ficou cada vez mais insatisfeito com o que considerava ser uma abordagem indiferente de Zwínglio. Criticou a recusa de Zwínglio em romper com a Igreja Católica e sua relutância em adotar reformas mais radicais, como a abolição do batismo infantil.
Em 1525, Mantz juntou-se a um grupo de anabatistas que se separaram de Zwinglio e formaram sua própria congregação. Os anabatistas acreditavam no batismo de adultos e na separação entre igreja e estado. Eram vistos como perigosa ameaça à ordem estabelecida e foram perseguidos tanto pelas autoridades católicas quanto pelas protestantes. Por pregarem a separação da Igreja do Estado, muitos reis os viam como problemáticos e se juntaram aos Reformados e à Igreja Católica, na tentativa de baní-los.
Mantz tornou-se líder destacado do movimento na Suíça e fundamental para espalhar as ideias para outras partes da Europa. Viajou para a Alemanha, Holanda e Áustria, onde ajudou a estabelecer novas congregações e a divulgar as ideias anabatistas. Ele escreveu vários folhetos e panfletos, entre os quais:
Uma Refutação: panfleto em resposta à obra do católico Johann Eck, argumentando contra a doutrina da transubstanciação.
Uma Confissão Clara e Verdadeira: escrita em 1525, expõe a visão anabatista do batismo, da Ceia do Senhor e da igreja.
Uma Admoestação Completa: em 1526, exortava os cristãos a se arrependerem e se afastarem das corrupções da Igreja Católica.
Uma Exposição Simples e Clara da Fé Cristã: resumo das crenças Anabatistas que Mantz escreveu em 1526, onde expôs as doutrinas centrais do movimento, de forma simples e acessível.
Uma Carta ao Povo de Zurique: em 1526, onde convocava o povo de Zurique a abandonar a Igreja Católica e abraçar a visão anabatista de uma igreja pura e democrática.
Embora não extensos, seus escritos foram influentes no desenvolvimento da teologia anabatista e forneceram a base para o crescimento contínuo do movimento e sua disseminação por toda a Europa.
A postura intransigente de Mantz e sua recusa em retratar suas crenças, o colocaram em conflito com as autoridades. Em 1527, foi preso e levado a um tribunal em Zurique, onde foi considerado culpado de heresia e condenado à morte. Saliente-se que Zwínglio participou desta decisão. Sim, Zwinglio esteve envolvido na condenação de Felix Mantz. Zwínglio se opôs ao anabatismo. Ele e outros líderes protestantes viam os anabatistas como ameaça à estabilidade da sociedade e trabalharam para suprimir o movimento.
Em 1525, Zwínglio, juntamente com outros líderes protestantes, convenceu o conselho da cidade de Zurique a aprovar um decreto que bania a prática do batismo de adultos e proibia o movimento anabatista. Mantz continuou a pregar e praticar o batismo de adultos. Foi preso e julgado. Zwínglio foi um dos juízes em seu julgamento e defendeu a sentença de morte de Mantz e chamou a sua morte "batismo de sangue". Em 5 de janeiro de 1527, Mantz morreu afogado, posto que havia sido colocado, amarrado, em um barco furado e lançado ao rio Limmat. Foi primeiro dos mártires anabatistas.
A teologia de Mantz estava enraizada em uma interpretação simples e literal da Bíblia e na rejeição de qualquer forma de autoridade religiosa que não fosse derivada das Escrituras.
A teologia de Mantz foi moldada por sua rejeição à autoridade da Igreja Católica; o batismo de adultos: a importância das Escrituras; separação entre Igreja e Estado; rejeição de uma igreja sustentada e patrocinada pelo Estado; governança democrática da Igreja; piedade pessoal e ética.
Marcos Inhauser
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