O BATISMO INFANTIL E CONSTANTINO

O BATISMO INFANTIL E CONSTANTINO Há muitos estudos e teologias sobre a prática do batismo infantil. É óbvio que há os que concordam e os que a negam. Entre os que a aceitam e praticam há quem afirme que, sem o batismo, a criança está fadada ao limbo (local onde ficam as crianças que morreram sem ser batizadas) e os que afirmam que batizar é pecado praticado pelos pais, ao impor sobre os filhos uma decisão que eles devem tomar quando tiverem consciência da importância do ato. Entre os que fundamentam bíblica e teologicamente, vão ao AT, afirmando que o batismo é o substituto neotestamentário da circuncisão, feita no oitavo dia. Para fundamentar ainda mais esta assertiva, mostram que a Páscoa foi assumida pela Ceia, e que, em ambos eventos veterotestamentários, as crianças participavam. Os que trazem argumentos históricos, afirmam que o batismo de prosélitos (que introduziu a prática, via João Batista, no período neotestamentário), também era realizado com crianças. Os que negam, trazem argumentos neotestamentários: não há nenhuma evidência de haver Jesus ou os apóstolos batizado crianças, não há nenhuma referência neotestamentária de que tal prática deveria ser obedecida pela igreja, não há referências em João Batista de que o tenha feito (e o que ele pedia era arrependimento e isto só adultos podiam oferecer). não há registros históricos confiáveis de tal prática. Os escritos do Novo Testamento não são documentos abrangentes sobre o tema e muito do que a igreja aplicou foi determinada por inferência lógica. As práticas associadas com batismo estão sujeitas a variações de igreja a igreja. As pesquisas que ao longo do meu ministério fiz sobre o assunto não me dão condições de fazer afirmações absolutas sobre o tema. Desde a perspectiva sacramental (tanto no AT como no NT) parece que há boas razões que justifiquem o batismo infantil. Desde a perspectiva das ordenanças (Páscoa, Circuncisão, Ceia e Batismo) eram ordens para serem obedecidas, sem a comunicação da graça, parece indicar que não há evidências sólidas para tal prática. Os Anabatistas recusaram a validade do batismo infantil, ensinando e praticando o rebatismo (daí o prefixo ANA). Quem havia sido batizado pelos pais na infância, ao crer em Jesus Cristo na idade adulta, deveria ser rebatizado. Não poucos foram os que culparam Constantino por ter introduzido a prática, alegando que, ao ser batizada, a criança ganhava um nome e se tornava cidadão do império. O batismo era o ato que conferia existência civil à pessoa, sem o que, ela seria um zero na sociedade. Deve-se dizer que, pelo fato de ser o cristianismo a religião do imperador, muitos aderiram para estarem do lado favorável na política. Ouvi e li que os Anabatistas culpam Constantino de ter introduzido o batismo infantil. Tal afirmativa carece de comprovações históricas. O que se pode dizer é que o pedobatismo já era praticado à época e que, por razões mais políticas que teológicas ou bíblicas, passou a ser prevalente no seio da igreja. Parece que a doutrina do pecado original transmitido a todos os seres humanos, foi um fermento para a prática do batismo infantil sacramental, como meio de garantir a salvação dos infantes. Os Anabatistas influenciaram grande parte do cristianismo pós-reforma e a prática do batismo de crentes passou a ser norma para batistas e pentecostais e a quase maioria das igrejas independentes. Marcos Inhauser

Comentarios

Entradas más populares de este blog

OS ESCRITOS DE LUTERO

DIMENSIÓN POLÍTICA DEL SACERDOCIO UNIVERSAL

CARACTERÍSTICAS DE LA EXCOMUNIÓN