PONTOS COMUNS E DIVERGENTES

PONTOS COMUNS E DIVERGENTES Tomados os posicionamentos teológicos dos três Reformadores, pode se concluir que, com pequenas diferenças, concordavam com quase tudo o que a teologia afirmava (pensando na sistemática, havia consenso da teologia propriamente dia, cristologia, escatologia, soteriologia, pneumatologia etc.). Até mesmo na eclesiologia concordavam em muitos pontos. A grande discordância dos Reformadores com a Igreja Católica era a questão dos sacramentos e entre os reformadores também foi ponto de discórdia. Andavam juntos em quase tudo, mas na hora de conversar sobre batismo e eucaristia, não havia consenso. Para se entender o que acabou sendo conhecido como “controvérsia eucarística”, alguns pontos precisam ser considerados. A Igreja Católica ensinava (ensina até hoje) que ao batizar, o batizando recebe a graça da salvação, infusa pela imposição das mãos do sacerdote e pela declaração sacramental. No caso da Eucaristia, ensina, afirma, crê e enfatiza que os elementos da Eucaristia (Ceia), pela oração sacerdotal, são transformados literalmente em carne e sangue de Jesus Cristo. Daí porque se chama transubstanciação (há mudança dos elementos pão e vinho em carne e sangue). Este dogma foi estabelecido oficialmente pelo Quarto Concílio de Latrão (1215) realizado em Roma, durante o papado de Inocêncio III. Não me estranha que tal dogma tenha sido proclamado na Idade Média, quando proliferavam milagres, atitudes místicas e magias. Misticismo, mistérios e milagres eram todos aspectos significativos da vida e prática religiosas. Os místicos, por exemplo, buscavam experiências diretas e pessoais com Deus por meio de práticas contemplativas como oração, meditação e ascetismo. Muitos acreditavam na possibilidade de alcançar a união com Deus, conhecido como "união mística" ou "theosis". Enfatizavam a importância da vida interior e da experiência pessoal nas práticas e rituais religiosos externos. Outro elemento encontradiço era "mistério" que era uma verdade revelada por Deus, mas não totalmente compreendida pela razão humana. Nisto se incluíam a Encarnação (a crença de que Deus se tornou homem na pessoa de Jesus Cristo), o nascimento virginal de Jesus, a Trindade (a crença de que Deus existe como três pessoas em uma essência divina), a celebração dos sacramentos, especialmente Eucaristia, considerada como participação nos mistérios da graça de Deus. Ocupava grande espaço na religiosidade medieval os milagres, vistos como sinais do poder e da intervenção de Deus no mundo, muitas vezes realizados pela intercessão dos santos. Havia ainda o culto às relíquias, a veneração dos restos físicos ou pertences dos santos, as curas milagrosas e outros eventos extraordinários. Tomás de Aquino, argumentou que os milagres eram manifestações do poder de Deus e objetivavam confirmar a verdade da fé cristã. O dogma alicerça-se na interpretação literal (e por que não, fundamentalista) da expressão constante nos evangelhos quando da celebração e instituição da Ceia por Jesus Cristo; “isto é o meu corpo”, “este é o meu sangue”. A ideia básica é que, durante a Eucaristia, o pão e o vinho são transformados no corpo e no sangue de Jesus Cristo, mantendo a aparência do pão e do vinho. Afirma-se que esta transformação ocorre no momento da consagração, quando o sacerdote pronuncia as palavras "Este é o meu corpo...Este é o meu sangue". Baseia-se, portanto, na compreensão católica da Eucaristia e não é simplesmente uma representação simbólica do sacrifício de Cristo, mas é uma participação real e mística nesse sacrifício. O pão e o vinho tornam-se o corpo e o sangue de Cristo não por uma mudança física, mas por uma mudança de substância (transubstanciação) que ocorre no nível da realidade que está além do mundo físico. A mudança de substância é operada pelo poder do Espírito, agindo pelas palavras do sacerdote e a fé da comunidade. É vista como sacramento, sinal visível da realidade invisível, e a presença real de Cristo na Eucaristia é considerada uma fonte de graça e alimento espiritual para os crentes Todos os três Reformadores foram enfáticos e veementes na condenação da transubstanciação. Marcos Inhauser

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