ZWINGLIO: UM SER CIRCUNSTANCIAL
ZWINGLIO: UM SER CIRCUNSTANCIAL
Alerto que tenho meus questionamentos quanto a esta figura apresentada pelos historiadores como Reformador, ao lado de Lutero e Calvino.
Ulrich Zwínglio, suíço, em Wildhaus (1484). Criado em uma família religiosa, recebeu educação em latim e literatura clássica. Depois foi para as Universidades de Viena e Basel onde foi ordenado padre (1506). Serviu como capelão no exército suíço, tornou-se padre na cidade de Glarus (1516), quando começou a questionar muitas das práticas da Igreja Católica e se interessou pelas ideias reformadas.
Zwínglio foi chamado para ser sacerdote em Zurique (1518), onde ficou pelo resto da vida. Ali pregou contra os abusos da Igreja Católica: a venda de indulgências, a adoração de santos e o uso de imagens na adoração.
As ideias não foram aceitas por todos em Zurique, enfrentando oposição tanto da Igreja Católica quanto de outros reformadores. Conseguiu o apoio do Conselho da Cidade e Zurique rompeu com a Igreja Católica (1525) e se tornou uma cidade protestante.
Pela sua ênfase na importância da Bíblia, argumentou que a Bíblia, e não o Papa, deveria ser a autoridade máxima em questões de fé e prática e enfatizou a importância da interpretação individual da Bíblia, em oposição ao entendimento católico de que o Papa era o único que podia interpretar a Bíblia.
Suas ideias entraram em conflito com outros reformadores, incluindo Lutero, que tinha pontos de vista diferentes sobre a natureza da Eucaristia, o que gerou a "Controvérsia da Eucaristia". Defendia que a Ceia e o Batismo não eram sacramentos, que nenhuma graça era comunicada quando deles se participava e que deveriam ser feitos como memoriais e em obediência às ordenanças deixadas por Jesus.
As ideias de Zwínglio também tiveram impacto no desenvolvimento da sociedade suíça. Defendeu a abolição dos mosteiros e o fim do celibato sacerdotal e incentivou a educação das mulheres; defendeu os direitos das pessoas comuns e se manifestou contra os excessos da nobreza. Zwínglio morreu em batalha (1531), pois liderava um exército suíço contra as forças dos cantões católicos e foi abatido durante uma batalha em Kappel.
Se comparado com a densidade teológica de Lutero e Calvino, ele come poeira. Ainda que tenha se oposto à Igreja Católica, não teve o mesmo nível de pressão que Lutero sofreu. Por ter participado do Conselho da Cidade, tomou e ajudou a tomar decisões que contradiziam posições antes assumidas: sobre o batismo infantil; foi voto para a execução de dissidentes do seu movimento de Reforma; participou do Conselho da Cidade e deixou insinuações de que deveria haver a separação da Igreja do Estado. Ainda que defendesse a resolução pacífica de conflitos, sustentou, juntamente com Lutero e Calvino a “guerra justa”. Assim como Calvino, que concordou com a morte de Serveto, Zwínglio teve participação ativa na condenação à morte Felix Mantz, um dos discípulos dissidentes que produziram a Reforma Radical.
Não consigo deixar de pensar em Zwínglio como uma pessoa volúvel, que se ajustava às circunstâncias e decidia o que não lhe traria problemas. Por outro lado, devo reconhecer que sua controvérsia sobre a eucaristia, negando o sacramento e a graça inevitavelmente comunicada no ato, fez muitos discípulos e muitas denominações modernas seguem esta abordagem das ordenanças.
Marcos Inhauser
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